Você já ouviu essa frase? "Eu não vou num psicólogo porque, pra ficar falar dos meus problemas, eu já tenho os meus amigos". Essa frase é tão comum quanto equivocada, pois esses dois tipos de conversa não são nem de longe a mesma coisa. ⠀ A “conversa” com o psicólogo não é um simples bate-papo. Ela é uma interação cuidadosamente planejada e ajustada para favorecer aquilo que cada cliente precisa desenvolver. Então, sim, a gente conversa diferente com cada cliente! Isso acontece porque essa interação é personalizada a partir da análise que o psicólogo faz do repertório do cliente, das causas do problema que ele está enfrentando, e do diagnóstico do que o cliente precisa desenvolver. ⠀ Se um cliente tem dificuldade de entrar em contato com seus sentimentos, por exemplo, o psicólogo vai direcionar a conversa muitas vezes para a pergunta: e como você se sentiu a respeito do que aconteceu? Isso que parece uma simples conversa na verdade é o treino de um repertório de identificação e nomeação de sentimentos.
Um outro cliente sabe dizer de seus sentimentos mas não sabe o que fazer a respeito - nesse caso o psicólogo vai direcionar a conversa para estratégias de resolução de problemas. As perguntas serão mais na direção: o que você pensou em fazer? Como você respondeu esse comentário?
Ainda, com alguns clientes a conversa é mais diretiva, com sugestões e orientações, enquanto que com outros, é mais reflexiva e exploratória. O importante é entender que isso nunca é aleatório e nem coincidência: é o fruto de um planejamento cuidadoso que é revisto após cada sessão. ⠀ E é por este motivo que a gente diz que a relação entre o cliente e o psicólogo é terapêutica: por que ela sozinha é capaz de promover mudanças, novos repertórios, aprendizados. Mesmo quando “parece” que ali só está acontecendo um bate-papo.