Inveja
- Tatiana Perecin
- 2024-08-16
- Psicoterapia
Prosseguindo na série sobre as emoções, hoje vamos falar sobre outro sentimento incompreendido: a inveja.
A nossa cultura ensina que a inveja é um sentimento reprovável. Essa pobre coitada foi parar até na lista dos pecados capitais! Porém a inveja tem uma função magnífica, útil para quem está em terapia na busca por uma vida mais satisfatória: a inveja nos conta o que a gente deseja!
No atendimento de clientes deprimidos, por exemplo, a inveja é uma grande aliada. É frequente que essas pessoas estejam vivendo rotinas esvaziadas, penosas, e que não saibam responder o que gostam de fazer, ou quais atividades são prazerosas. Mas em geral, se a pergunta for: de quem você tem inveja? O que já te trouxe o sentimento de “por que isso não acontece comigo?”, pronto, a resposta aparece! Esse sentimento de “eu queria isso pra mim” é um indicativo de que, naquela direção, tem algo que te faria bem, que te traria prazer e satisfação. Pense na inveja como um luminoso com uma seta piscante, apontando em direção ao que você precisa incorporar na sua vida para ser mais feliz.
Vou fazer uma confissão: eu invejo o Irvin Yalom, um terapeuta que também escreve livros, alguns de ficção, muitos com relatos de processos terapêuticos, e que continuou atendendo e escrevendo até ficar bem velhinho. Já consegui me tornar terapeuta, e agora estou começando essa pequena aventura no mundo da escrita, seguindo o caminho recomendado pela inveja. E ela acertou na mosca: está sendo uma experiência muito prazerosa!
Antes de terminar, uma ressalva: sentimentos e comportamentos são duas coisas diferentes, ok pessoal? O sentimento de inveja é útil e instrutivo; comportamentos que produzam essas condições na sua vida são caminho de sucesso; porém comportamentos que sabotam os outros apenas para poder te livrar da inveja continuam sendo reprováveis. Aliás esse é mais um bom exemplo de como saber conviver com os sentimentos e usá-los a nosso favor é positivo, enquanto a tentativa de se livrar deles quase sempre termina em problemas…
Mas então, voltando ao que interessa: De quem ou do que você sente inveja? O que te traz aquele brilho nos olhos?