Eu sempre atendi muitos homens no consultório. Coincidências me levaram a começar a carreira atendendo homens, e porque em geral um cliente indica outro, ainda hoje eles são mais da metade do meus clientes. É uma realidade que contraria a crença de que homens não buscam terapia. ⠀ Dois temas são recorrentes no atendimento deles: a dificuldade em identificar sentimentos, tanto próprios, quanto alheios; e em função disso, as dificuldades interpessoais, que se revelam como frustração, tanto nos relacionamentos íntimos quanto nos profissionais. ⠀ E porque isso é tão comum? Como sabemos, nomear sentimentos é uma habilidade aprendida e, para que ela se desenvolva, precisamos de estímulo e feedback. Porém vivemos numa cultura machista. Os meninos são menos estimulados a expressar seus sentimentos, e, quando o fazem, são punidos. ⠀ O famoso “homem não chora” é o exemplo mais evidente disso. A sociabilidade voltada para os esportes limita a oportunidade de interações sociais menos estruturadas. Jogando, nos comportamos de acordo com as regras do jogo, e não de acordo com nossos sentimentos. E quando as interações sociais livres acontecem, as brincadeiras machistas e homofóbicas estão presentes, punindo a expressão emocional. ⠀ Nesse sentido, a psicoterapia pode ser uma experiência emocional corretiva. Ela permite a estes homens aprender a identificar o que sentem, descobrir a relevância de suas necessidades emocionais, e desenvolver ferramentas para construir relacionamentos gratificantes para si mesmos e para os outros.
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